Desafio #4: a melhor combinação de carro e localização para aproveitar o Verão
Ora, desta vez, calhou-me a mim a difícil tarefa de decidir o desafio de equipa da Garagem. Já fizemos o melhor design SUV, carrinhas híbridas para a família e carro novo por 50 mil euros, por isso desta vez achei que faria sentido escolher algo menos consumer advice e deixar a imaginação correr um pouco. Assim, e uma vez que o Verão está quase a chegar e a malta está doidinha para sair à rua e para fazer de tudo para evitar voltarmos a ficar de quarentena – não é verdade, cidadãos responsáveis? – achei que faria sentido uma combinação carro e localização. Assim para sonharmos um pouco ou, até, criar aqui umas boas sugestões para podermos todos ir passear e aproveitar o nosso fantástico país. Não sei as escolhas da equipa, mas tenho a certeza que tanto as localizações como os carros vão valer a pena. Vamos lá, então! Começo eu!
Rafael Aragão – Costa Alentejana com um BMW Z4 sDrive20i
Como é óbvio! Se é para aproveitar o Verão, manda a etiqueta que o façamos num descapotável. Andar num descapotável é das experiências mais fixes que existe. Sim, é certo que vamos parecer um pouco bimbos e durante os primeiros dez minutos vamos sentir que somos a pior pessoa do mundo, mas depois percebemos que é fixe. É mesmo fixe! Ficamos com uma percepção diferente das coisas à nossa volta. Toda a gente devia conduzir um descapotável de vez em quando. Deixa-nos mais “na boa”, não sei explicar. Mas num descapotável a sério, e não numa versão sem capota de um qualquer citadino ou familiar compacto ou, espantem-se, SUV. Andem num descapotável a sério! Num descapotável como o que eu escolhi para ir passear pelo Litoral Alentejano, uma das zonas mais fixes do nosso país: um BMW Z4 sDrive20i. Motor quatro cilindros, turbo, 2 litros e quase 200 cavalos. Chega e sobra. Caixa automática, pack M, cor cinza (para não aquecer tanto ao sol) e capota com efeito prateado para manter o tom geral da coisa.
Dos 0 aos 100 km/h em 6,6 segundos e um consumo na ordem dos sete litros e pouco. Tudo por cerca de 60 mil euros. Ainda pensei noutras opções, é certo, mas achei que o refinamento e desportividade do novo Z4 são aquilo que a Califórnia portuguesa pedia. A costa alentejana é a nossa Califórnia. Sol, praias e muito espaço e, ao contrário da verdadeira Califórnia, menos cirurgias plásticas. Não era giro o Alentejo ser a zona do país com mais plásticas per capita? Em vez do programa “Botched”, tínhamos o “Mal Amanhado” e em vez de Hollywood, tínhamos o Cortiçawood com os seus grandes êxitos “E Tudo o Vento Levou… Mais à Porra!” ou o mais recente “Vingadores – Ah Magano!”. Atravessar aquelas estradas longas à beira mar com a capota aberta, o vento a passar-nos pela cara, uma ou outra mosca ocasional e o bafo quente alentejano. Que maravilha! Para quem gosta de praia e sol e de andar de carro é uma viagem a fazer. Ir descendo até onde nos apetecer. Parando onde nos apetecer. E comendo o que nos apetecer!
D.L. – Estrada nacional 2 de Porsche 718 Boxster
Quando me propuseram este quarto desafio da Garagem, pensei que isto seria fácil, mas afinal não foi. Existe uma grande panóplia de carros que eu gostaria de levar numa viagem pelas belas estradas portuguesas. Ter de reduzir esta minha lista imaginária foi bastante difícil, mas vamos por partes. Em primeiro lugar a estrada foi o mais fácil: Estrada Nacional 2. Para além de ser uma das mais conhecidas em Portugal e no mundo, percorrê-la de uma ponta à outra é um sonho que, infelizmente, ainda não concretizei.
Depois de limpar as lágrimas por perceber que tão cedo não vai acontecer (maldito coronavírus), voltei a focar-me no desafio. Escolhi o belo Porsche 718 Boxster, um descapotável que ainda não conheço, porém, tenho muito interesse em conhecer. Desde o motor central de 300 cavalos, aos três pedais, passando pela tracção traseira, tudo neste desportivo me enche as medidas.
Muito sinceramente, este desafio ajudou-me a acabar de planear algo que tenho vindo a adiar há bastante tempo. Felizmente já consegui resolver o meu problema maior, convencer a minha parceira de viagem. Então, o carro não é o mais difícil de arranjar? Talvez, 76 mil euros (depois de alguma personalização a meu gosto) está bastante fora do meu orçamento, mas ela garantiu-me que se fosse com este tínhamos viagem! Ainda estou a tentar perceber se ela estava a gozar comigo porque sabe que dificilmente isto vai acontecer ou se tem confiança de que a minha carteira, pelo menos uma vez na vida, vai ter 78 mil euros. Eu apostava na primeira.
João Isaac – De Porto Covo a Aljezur, num Jeep, o mais longe possível do alcatrão
Gosto da ideia. Escolher um carro para desfrutar do Verão e, melhor ainda, o destino perfeito para conhecer e dele usufruir. A escolha óbvia seria um descapotável, mas decidi não ir por aí. Ou melhor, não ir só por aí. Isto porque a minha escolha também permite encher o habitáculo de sol, mas permite isso e muito mais. Permite, principalmente, ter uma enorme sensação de liberdade porque quase nada o pode parar. Escolhi um Jeep Wrangler Unlimited Sport e, garanto-vos, é um carro brutal. Espaço, conforto e um design intemporal perfeito para aquelas fotografias cheias de tons quentes de um final de tarde à beira-mar.
São 62 mil euros de carro, bem sei, mas neste hipotético Verão não há obstáculos que me impeçam de ir àquela praia escondida de que todos falam ou de subir o monte de onde se tem a vista que todos partilham. Melhor: o que gasto no carro, poupo em dormidas, porque o valor que indiquei já inclui a tenda e na bagageira cabe sem problema o grelhador para acender o lume lá no acampamento, com o mágico pôr-do-sol de Porto Covo como fundo. Sim, é este o meu destino de eleição. Se lá forem no Verão, verão como é excelente.
Dali até Odeceixe é um “tirinho”, principalmente com 200 cavalos debaixo do pé. Mas de um pé devidamente calçado, porque isso de conduzir de chinelos não é para mim. E já agora, por que não ir até Aljezur, até à praia da Amoreira ou da Arrifana, por exemplo? Vão, a sério. Esta parece-me ser a receita ideal para o Verão: um robusto Jeep Wrangler, a belíssima Costa Vicentina, uns saborosos peixe grelhado e marisco fresco, um velho boné virado para trás e uns óculos escuros cheios de pó nas lentes. Para a viagem, acampamento ou final do dia no areal, a banda sonora perfeita é o tema “I can see clearly now” de Johnny Nash, garanto-vos. E em “repeat”. Os chinelos, desculpem-me, mas só do Wrangler até à toalha.
Jota Pê – Viagem na minha terra de Mini Cabrio
Carro: Mini John Cooper Works Cabrio 2.0 231 cv; Local: Baía de Cascais; Espaço temporal: Esqueçam! Não vai acontecer, mas como sonhar (ainda) não paga imposto, pode ser hoje. Até está solinho e faz de conta que não há cá estados de calamidade!
Comecemos por configurar uma versão JCW, tarefa nada fácil fruto dos múltiplos opcionais para esta versão desportiva, já de si exclusiva, mas que se pode tornar híper! Aos 44 600 euros iniciais juntei-lhe a bit of this & a bit of that, elevando a conta em mais de 8 mil euros! Feito o negócio e a inerente choruda transferência superior a 52 mil euros – ver aqui – saio do stand, logo aproveitando a força da coudelaria JCW, dos 231 cavalos do vitaminado motor 2.0 litros, num dos cabrios de 4 lugares mais conceituados do mercado.
Ajuda o kit aerodinâmico, a icónica cor British Racing Green IV Metalizado, as jantes JCW Track Spoke 17″ Black e os pormenores negros no capot e espelhos, fazendo inveja a uns quantos transeuntes desta já quincentenária vila nobre, que a 15 de Novembro próximo festejará 506 anos, conforme Foral atribuído por D Manuel I, em 1514.
E que outro local para expor tal peça de engenharia automóvel que não a Baía de Cascais, que alguns querem conhecida como St. Tropez portuguesa? Pois é aí, no topo, junto à Fortaleza de Nossa Senhora da Luz de Cascais (vulgo Cidadela, monumento do século XV, herdeiro do antigo Castelo de Cascais), que, neste meu sonho, paro este Mini JCW, saindo de um igualmente requintado interior Dinamica/Pele Carbon Black (JCW). Contemplo-o frente à agora requalificada Praia dos Pescadores, numa mais sossegada enseada, desde 1999 resguardada pela Marina de Cascais, embevecido pelos pormenores tipo Union Jack, presentes nos faróis traseiros acesos, claro, e no tejadilho, agora fechado, dando-lhe aquele extra kick!
Pena a obrigatória caixa automática de 8 velocidades, bem como os consumos de 7,5 lt/100 km (ou a partir de, consoante o que se exija) e emissões de CO2 de uns elevados 170 g/km. Mas, como diria o outro, aqui não há milagres ambientais!
Mariana Figueiredo – Rumo à Comporta com o Jaguar E-Type
Ah! Finalmente um desafio de lifestyle, migas! Obrigada, Rafael. Não vou para muito longe, neste desafio. O confinamento físico dos últimos dias acabou por confinar-me também o espírito. Vou escolher um destino real, relativamente acessível e quem sabe, em breve, estarei precisamente a fazer o que escrevo. Para esta aventura vou escolher o Jaguar E-Type de 1961. Um carro que foi uma inovação na altura, mas que na minha opinião, continua a ser um dos carros mais icónicos e bonitos de sempre. A cor é verde heritage, com estofos de pele em bege, claro! Na mala, vou levar uns quatro bikinis, mas só a parte debaixo, porque para onde vamos, não preciso de mais.
O local é Comporta. Praias a perder de vista, algumas completamente desertas. Sem capota, seguimos pelas estradas ladeadas de pinhais, enquadrados com a vista para o mar. A sentir o calor do sol na pele. No caminho, só o som da conversa boa, a natureza e o motor. Não sei se conseguiremos ouvir música neste velho E-Type: por um lado, já não tenho cassetes e por outro, o sinal de rádio não é incrível nestes locais. Felizmente, o seis cilindros em linha com 3.8 litros e 265 cavalos é uma excelente banda sonora.
Depois de feita a praia da manhã, lá para as 14h30 é tempo de ir degustar o melhor Arroz de Lingueirão que existe, no restaurante da Dona Bia, acompanhado de um rosé que poderá ser um Herdade do Sobroso – fresco, mas intenso.
Depois deste almoço incrível, tempo para mais um passeio ao volante – e agora pode ser ele a conduzir porque eu ainda vou estar, certamente, à conversa com o vinho. Desta vez seguimos à caça das velharias do Sr. Júlio Maria, à beira da estrada. Até podemos nem comprar nada, mas não resisto ver estes artefactos e imaginar as histórias que carregam. Um pouco como este E-Type que me remete por exemplo, para a série Mad Men e os loucos anos 60.
De regresso ao Jaguar, com uma cesta na mão e um lenço na cabeça, seguimos para a praia onde vemos o pôr do sol e tiramos uma selfie na golden hour. #Happiness #Vaificartudobem
Fotos: oficiais; VisitCascais.com