SUV? A Mim Não Me Convencem
Já estamos “carecas” de saber que o mercado quer SUV. Todas as marcas os têm, todas estão a por as fichas todas neles, a electrificá-los, a modernizá-los, a torná-los, em quase tudo, parecidos com os normais coupé, hatchback ou berlinas. É normal. Apesar das marcas saberem que as pessoas compram SUV – e, portanto, quererem vender-lhes SUV -, quem os faz gosta de carros e, por isso mesmo, tenta fazê-los o menos SUV possível.
Parece contraditório, é certo, e até é um pouco. Não existe tal coisa como um SUV desportivo. Mas já o deviam ser. Está no nome! Sports Utility Vehicle. Veículo Utilitário (como em “dá para fazer tudo e carregar coisas e transportar pessoas”) Desportivo (como em “podes levá-lo para um trilho fora de estrada e ele comporta-se bem”). O sports, na sigla SUV, refere-se a todo o terreno. Ao desporto para o qual as características destes carros ajudam. Então porque é que alguém achou que significava outra coisa?
Ninguém quer, na realidade, construir um SUV com 600 cavalos, motor V12 e jantes com o diâmetro de um pequeno planeta. Mas têm de os fazer porque os clientes deixaram de comprar os outros carros. Aqueles verdadeiramente desportivos para pista e estradas sinuosas. Alguém olhou para os primeiros SUV da era moderna e começou a perceber que as pessoas os queriam mais. E isso, naturalmente, deriva para os outros segmentos. Os de luxo, os desportivos, etc.
Por isso é que vemos SUV feitos por marcas tradicionalmente construtoras de GT de luxo ou carros desportivos. Aberrações, quase. Hoje já são mais bonitos, sim, o que é normal porque vai-se ganhando experiência. Mas ninguém me convence de que fazem sentido. A população, regra geral, perdoa o excesso dos carros exóticos. É o típico “o mal que faz pelo bem que sabe”. São incrivelmente poluentes, bebem como um trolha às 11 da manhã, e dão uma despesa enorme em manutenção e seguros. Mas são incríveis! E a malta gosta deles.
Agora, um SUV de duas toneladas e meia, com um V8 bi-turbo, cujo propósito, segundo as marcas, é ser rápido em pista e fora dela, não. Isso é o que elas dizem para convencer os papalvos que os compram. Ninguém vai gastar centenas de milhares de euros num carro destes para o ir escavacar para os trilhos. Quer dizer, eu gostava que o fizessem. Já que compraram um carro destes, então que o usem, que é para isso que servem.
O propósito desses SUV é encherem-lhes os bolsos para poderem continuar a construir os carros a sério. Aqueles de que gostamos. Os que nos fazem sonhar e perder tempo no YouTube a ver vídeos e a ler crónicas em sites. Se querem SUV, comprem um SUV a sério. Um que tenha jantes do tamanho de um prato de sopa, com pneus semi-cardados, tração integral e bloqueio de diferenciais. Ou um mais singelo, vá. Mas que seja porque o vão usar. Porque precisam mesmo de um carro com essas características e, não, porque acham giro e tal e moram numa moradia em Carnaxide.
Por isso não. Nunca me vão convencer a aderir a esta moda dos SUV. São pesados, pouco eficientes, mais caros em todos os sentidos e são uma escolha muito pouco inteligente. Mas, como tenho uma esposa que gosta deles, é provável que o meu próximo carro seja um huughh… desculpem, foi um reflexo de vómito. É provável que seja um huughh… epá, está difícil. Um SUV.
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