Mazda CX-30 – Ensaio duplo ao Mazda que mais vende em Portugal
Um regresso ao CX-30, a dobrar. O SUV compacto da Mazda é o modelo da marca de Hiroshima que mais agrada aos portugueses, deixando o CX-5 no segundo lugar da tabela de vendas da marca, referente ao primeiro semestre de 2021, por boa margem. E rapidamente nos apercebemos do porquê de assim ser. Desde logo, pelo design. A Mazda está, sem dúvida alguma, numa muito boa fase da sua identidade visual Kodo, arrojada, dinâmica e inspirada. Sou fã e considero o CX-30 um dos modelos mais bonitos da sua classe. E não sou o único, pelos vistos, pois topei muitos olhares indiscretos de quem com ele se cruzou, até mesmo no mais discreto tom Azul Crystal do CX-30 com caixa manual, por oposição ao mais vistoso Soul Red Crystal da unidade com caixa automática.
Cores e caixas
Por esta altura, já será óbvia a justificação para este encontro de irmãos, uma comparação de transmissões e não de cores, claro. Estas são, na verdade, as únicas diferenças que os separam, pois ambos partilham a versão Evolve Pack Active & Sport, bem como o motor 2.0 e-Skyactiv G, a gasolina, portanto, com 150 cavalos. Como é hábito na Mazda, não entram turbos nesta equação, cuja mecânica atmosférica – apenas ajudada pelo sistema mild hybrid – está mais do que altura da dimensão e peso do CX-30, uma experiência de condução que me agradou bastante mais do que a combinação do motor Skyactiv-G de 165 cavalos no maior CX-5 que testámos, na sua nova versão Homura.
Por isso, a bordo do CX-30, destaco a resposta imediata do acelerador, aqui prolongada por uma subida de rotação igualmente linear, mas com uma rapidez bem superior à sentida no excelente, mas “pesadão”, CX-5. A caixa manual do CX-30 conta com relações muito longas, não sendo por isso difícil exceder o limite de velocidade em autoestrada ainda antes de engrenarmos “uma quarta”. Para as longas viagens, é óptimo, pois significa que o motor de quatro cilindros vai a respirar baixinho a velocidades de cruzeiro legais, favorecendo os consumos. O tacto da caixa manual é, como a Mazda já nos habituou, muito bom, apenas batida, internamente, pela perfeição da caixa do brilhante MX-5.
Já no canto vermelho, o CX-30 vai a jogo com uma caixa automática, também de 6 relações, apontando a uma condução mais confortável e relaxada, mas dispondo, igualmente, de patilhas no volante para quando o condutor tiver saudade de alguma interacção extra na experiência. Este dispõe, ainda, de um modo Sport que deixa a caixa mais alerta, prolongando, igualmente, a subida de rotação antes de passar à mudança seguinte. Mesmo sem a rapidez de uma mais dinâmica caixa de dupla embraiagem, esta transmissão do tipo conversor de binário consegue responder rapidamente quando solicitada através do acelerador, mas destacando-se, claramente, pela sua suavidade de utilização.
Os números que mais importam
Quanto a consumos, e considerando que a Mazda declara 5,9 e 6,4 l/100 km para os CX-30 manual e automático, respectivamente, confirmei, como seria de esperar, que o de caixa manual gasta efectivamente menos que o de caixa automática, mas ainda assim mais do que é declarado para este. Ou seja, em circuitos idênticos – idênticos, não iguais, atenção – consegui um consumo final de 7,2 l/100 no CX-30 azul e 7,6 l/100 no seu irmão mais vistoso. Mas quer com um, quer com outro, fiquei com a sensação de que uma utilização maioritariamente urbana, facilmente coloca as médias acima dos 8 litros “aos cem”, obviamente mais fácil de se atingirem a bordo do CX-30 com caixa automática.
O que volta a não ser novidade é a sensação de qualidade a bordo, assim como um correcto acerto de suspensão que sabe ser muito confortável, também ajudado por pneus com perfil adequado, mas que consegue, também, oferecer uma condução surpreendentemente dinâmica para um SUV familiar, onde os passageiros de trás não se podem queixar da falta de espaço, considerando o segmento de mercado onde o CX-30 encaixa. A posição de condução não é exageradamente alta, o que, para mim, é uma vantagem. Por isso, como aprecio o conforto, mas ainda mais uma condução dinâmica, mais ligada, com maior interacção com o veículo, concluo o seguinte: O vermelho é lindíssimo e a caixa automática combina bem com o conforto de utilização e carácter estradista do CX-30, mas gosto muito de azul escuro e de uma boa caixa manual, campo onde a Mazda se destaca, e muito, por fazer um excelente trabalho. Para mim, o vencedor vem do canto azul. Por 33.484 €, é cerca de 2.500 € mais barato e gasta menos. Só vantagens. Para mim, claro.