Jeep Compass e-Hybrid – Novos, bons e caros argumentos para o quotidiano
O prometido é devido e por isso, depois de ter estado presente na apresentação nacional da tecnologia e-Hybrid da Jeep no passado mês de Junho, foi agora tempo de regressar ao já nosso conhecido Compass para tomar um contacto mais prolongado com a nova motorização híbrida. Híbrido, sim, mas devido a uma electrificação que é, na verdade, bastante ligeira. Os benefícios são, ainda assim, evidentes, agora bastante mais óbvios do que no primeiro contacto que tive há uns meses, num percurso demasiado estradista e a um ritmo excessivamente elevado para se retirarem as justas conclusões.
Assim, desta vez, coloquei o Compass e-Hybrid à prova numa utilização familiar, aquela a que se destina, nas voltinhas pela cidade, bem como em passeios mais extensos a ritmos moderados. No total, foram mais de 700 quilómetros percorridos, com o computador de bordo a mostrar uma média final de 7 litros/100 km. Sim, é verdade que as longas distâncias em estrada nacional a ritmo moderado têm aqui a sua influência, mas pelo meio o Compass ultrapassou as serras da Lousã e do Açor e inclusivamente as longas filas da Segunda Circular em Lisboa, esse terror diário de muitos portugueses que é agora possível superar de forma silenciosa.
Mais eficiência do que potência
Para o conseguir, o Compass e-Hybrid aposta na combinação de um novo motor 1.5 Turbo, a gasolina, com o habitual motor de arranque/gerador, bem como com um segundo motor eléctrico – com aproximadamente 20 cavalos de potência – este último acoplado à nova transmissão de dupla embraiagem de sete velocidades. É assim possível percorrer pequenas distâncias – quase sempre algumas dezenas de metros – em modo puramente eléctrico, desde que não sejam feitas grandes exigências via pedal do acelerador. No total, os 130 cavalos de potência e os 240 Nm de binário estão mais do que à altura do peso e dimensão do Compass, números bem explorados pela nova caixa automática, mas não se esperem andamentos de “colar ao banco” apesar do contributo eléctrico adicional.
O consumo reduzido nunca foi um dos maiores argumentos do Jeep Compass, pelo menos nas nossas anteriores experiências aquando das suas visitas à Garagem. Mas desta vez os resultados foram bastante mais animadores, uma superior eficiência que resulta não só do novo motor – um propulsor quatro cilindros que funciona segundo o ciclo Miller – mas também da nova transmissão (unidade que mesmo não dispondo da rapidez de outras suas concorrentes, mostrou-se sempre suave nas passagens, contribuindo para o conforto da condução) e, obviamente, da arquitectura eléctrica de 48 Volts associada. A interacção entre as duas fontes de potência está bem conseguida, bem como as reentradas em cena do motor 1.5 litros, sempre muito discretas.
Mais conforto
O conforto de utilização é assim beneficiado, principalmente em ambiente citadino, onde o motor eléctrico fica responsável por mover o Compass em situações de tráfego intenso e, por exemplo, durante as manobras. E já que abordei o conforto, a bordo o ambiente acolhedor é reforçado pela presença do tecto panorâmico e quatro passageiros não vão, certamente, queixar-se da falta de espaço. Se a ideia for transportar três pessoas no banco de trás, já não posso dizer o mesmo, o que se compreende, dadas as suas dimensões. Os bancos, inclusivamente o traseiro, são bem desenhados e feitos com fibras de poliéster produzidas a partir de material reciclado retirado do mar. Nesta unidade não falta, igualmente, o sistema de som da Alpine, o carregamento sem fios de smartphones, tomadas USB e USB-C, bem como um extenso pacote de assistentes de condução, entre outros elementos. Como é hábito, no interior há materiais agradáveis ao toque combinados com alguns plásticos menos “simpáticos”. Quanto à qualidade de construção, mesmo sem desiludir, é notória a margem de evolução ainda disponível.
No que à condução diz respeito, o Compass está felizmente mais orientado para ritmos tranquilos do que para andar a curvar depressa. Não se atrapalha num traçado sinuoso – como pude comprovar em plena Serra da Lousã – mas essa não é, claramente, a prioridade da suspensão, nem da direcção. Os pneus Goodyear Eagle F1 que calçam as jantes opcionais de 19 polegadas ajudam a transmitir essas boas sensações dinâmicas, mas estaria disposto a prescindir desse conjunto por algo mais contido em dimensão, com um maior perfil de borracha que não só contribuiria com uma camada extra de amortecimento, como ajudaria a enfrentar alguns caminhos de terra com outra paz de espírito. Apesar da herança Jeep, este não é o Compass ideal para o fora de estrada, relembro. Não há tracção integral – disponível nas versões 4xe, híbridas plug-in – e a pouca altura livre ao solo à frente – algo que, imagino, é partilhado por todas as versões – apontam-no ao alcatrão ou apenas a estradas não pavimentadas.
No caminho certo, mas…
Já o disse anteriormente e repito: o Jeep Compass é um dos modelos com mais personalidade do segmento. Gosto do Compass e aprovo a chegada da motorização e-Hybrid que complementa uma oferta composta por motores Diesel e a gasolina, bem como as versões 4xe, híbridas recarregáveis, adicionando o argumento de um nível de electrificação mais ligeiro com consumos de combustível mais baixos. Porém, nem tudo são boas novidades e mais uma vez é tudo uma questão de números. O consumo é inferior, sim, os números que nunca agradaram, mas os números do preço deste Compass e-Hybrid são, a meu ver, muito elevados. Disponível a partir de 39.150 euros, esta edição especial de lançamento designada por Upland, com opcionais como o tecto em vidro, pintura bicolor, jantes de 19 polegadas e os packs Tech & Convenience e Premium, colocam o preço final nos 49.850 euros. Um bom produto, mais eficiente e com muito equipamento disponível, é verdade, mas não deixam de ser 50 mil euros por SUV de segmento C com 130 cavalos.