Opel Grandland PHEV 225 cv – Muito provavelmente, a melhor versão da gama
Faltava-me o Grandland. De entre a oferta SUV da Opel, o Grandland, o maior da família, este era o único dos três modelos que ainda não tinha conduzido após a actualização que recentemente lhe aplicou a nova linguagem de design da marca, com o distinto Opel Vizor a assumir o destaque de um conjunto que continua a ser, a meu ver, agradavelmente homogéneo, mas que agora beneficia de uma dianteira bem mais marcante e dinâmica. Neste tom azul, fica ainda melhor, destacando os contrastes com os elementos negros.
Exceptuando a curta experiência que tive com o Grandland aquando da sua apresentação internacional na zona de Frankfurt, só o tinha conduzido na sua versão híbrida plug-in de 300 cavalos – relançada em breve e agora associada à nova submarca GSe de desportivos electrificados – uma experiência positiva e impressionante, mas desnecessariamente potente e rápida num veículo pensado para o quotidiano, pelo que este regresso ao agora modernizado Grandland com a versão PHEV menos potente, com 225 cavalos, prometia ser mais ajustada àquilo que são as necessidades de um condutor e respectiva família.
Autonomia e consumo
Iniciei este ensaio com 91% de carga na bateria e com a indicação de que apenas conseguiria percorrer 32 quilómetros sem recorrer ao motor 1.6 Turbo a gasolina. Achei pouco e desde logo assumi a missão de adiar a entrada em cena das octanas, para ver até onde conseguia chegar usando apenas o motor eléctrico que surge aqui acoplado à caixa automática de 8 velocidades. A missão foi superada, pois consegui percorrer 43 quilómetros recorrendo exclusivamente a energia eléctrica, autonomia que, considerando que a bateria não estava totalmente carregada, deverá chegar para muitos cumprirem a maior parte dos seus percursos diários.
E prova de que os híbridos plug-in são efectivamente para ser utilizados carregando a bateria sempre que possível, está nos consumos registados depois de esgotada a energia acumulada, com o Grandland a precisar quase sempre de mais de 8 litros de gasolina “aos 100” numa utilização combinada. Nesta configuração híbrida plug-in, o Grandland pesa cerca de 1800 kg, mais 370 kg do que a versão a gasolina e mais 280 kg do que um Grandland com motor Diesel. Depois não se queixem de que os híbridos plug-in gastam muito, porque a culpa não é deles.
Refinado e possante
O propulsor híbrido destaca-se pela óptima disponibilidade, respondendo de forma imediata à pressão no acelerador, sendo igualmente notória a influência da vertente eléctrica na rapidez e progressividade da resposta. Também gostei do refinamento de funcionamento do motor térmico e da insonorização do habitáculo, sendo possível rolar a 120 km/h em autoestrada e manter um ambiente muito sereno a bordo sem ser preciso elevar o tom de voz para continuar a conversar no habitáculo.
No que ao comportamento diz respeito, o Grandland destaca-se pela boa relação conforto/dinâmica. É suficientemente ágil e controlado para suportar o muito andamento possibilitado pelos 225 cavalos e 360 Nm, mas nunca o suficiente para ser apelidado de SUV desportivo, ainda que o visual e a potência assim o sugiram. Isto porque o peso está lá e faz-se sentir se exagerarmos um pouco daquilo que são as capacidades dinâmicas do chassis. Modos de condução são três: Electric, Hybrid e um mais focado numa abordagem mais emocional da condução, melhorando, por exemplo, a resposta do acelerador e reduzindo a assistência da direcção.
O conforto de rolamento só não é melhor porque o maior dos SUV da Opel, nesta versão, pesado e potente, necessita efectivamente de um amortecimento um pouco mais firme para que melhor controle as massas e os movimentos da carroçaria. Dito isto, esta pontualmente notória dureza nunca chega a incomodar e a prejudicar a experiência a bordo, onde o espaço disponível atrás merece nota muito positiva, assim como o conforto proporcionado pelos muito bons bancos dianteiros.
Equipamento com fartura
Ainda no interior, destaco, pela positiva, o muito equipamento de conforto e segurança, com elementos como a estupenda iluminação adaptativa e a detecção de pessoas e animais com visão nocturna no painel de instrumentos e, pela negativa, a baixa qualidade de imagem proveniente da câmara traseira e uma consola central que é demasiado intrusiva no espaço disponível atrás, ao centro, anulando um pouco a vantagem do túnel central ser praticamente inexistente. A climatização é predominantemente controlada – e ainda bem! – por comandos físicos. Apenas é necessário recorrer ao ecrã do infotainment para controlar a zona a ventilar.
A sensação de robustez e qualidade a bordo sente-se quer nos materiais, quer na construção sólida, mas, como é hábito, não lhe faltam plásticos menos nobres, como na consola e nas portas de trás. A bagageira conta com 390 litros, um valor inferior aos 514 de um Grandland puramente térmico, mas que, ainda assim, não deverá limitar muito uma utilização versátil deste híbrido plug-in nas suas tarefas do dia-a-dia.
Bom é, mas barato não, lamento
Chega a hora das contas e é aqui que, provavelmente, chegam as notícias piores para aqueles a quem o Grandland híbrido apela. O maior dos SUV da Opel é um automóvel muito completo. Apesar de mais arrojado, continua a apostar numa certa dose de sobriedade visual da qual é fácil gostar. O espaço abunda, a lista de equipamento é completa e o desempenho do propulsor híbrido, se devidamente utilizado, convence. Mas para o teres nesta versão Ultimate, exactamente como este “AT71BE” do parque de imprensa da Opel, terás de te chegar à frente com 56.885 dos teus euros.