Mercedes-Benz EQS 450+ SUV: Requinte, potência e silêncio para sete
Começo por elogiar o nome deste automóvel. Sendo a versão SUV do EQS, a Mercedes-Benz batizou-o EQS SUV. Chamem-lhe frieza alemã, falta de imaginação ou qualquer outra coisa. Na minha humilde opinião, e considerando a cada vez maior variedade de modelos no mercado ou de versões dentro da mesma gama, acho que foi uma decisão acertada. “Se já temos o EQS e vamos fazer um SUV, será o EQS SUV.” Para quê complicar?
E na gama dos SUV puramente elétricos da Mercedes-Benz, este EQS é o maior do seu portfólio atual. Até os mais distraídos ou menos interessados pelo mundo automóvel não o podem negar. É, em todas as direções, enorme. São quase 5,2 metros de comprimento, praticamente 2 metros de largura e 1,72 metros de altura. A imponência e presença do EQS SUV é inquestionável, mas não é apenas conseguida pelas suas impressionantes medidas.


Design: Orgulhosamente Mercedes-Benz
O design exterior prescinde de exageros estéticos. Esta solução não só beneficia a homogeneidade das linhas, como contribui para a eficiência aerodinâmica do conjunto, aspeto muito relevante num veículo elétrico. Mas o destaque é, sem dúvida, a máscara negra na dianteira. O símbolo de grandes dimensões rodeado por dezenas de pequenas estrelas de três pontas, combinação complementada pela barra de luz superior que une os faróis. Este é, para mim, o elemento que mais destaca a identidade do EQS SUV, ainda que o tom azul escuro desta unidade não o destaque com o contraste que merece.


Por dentro: Elegante e, também, digital
Porém, o ponto alto da experiência EQS SUV começa assim que se abre a porta e acedemos ao habitáculo. Sendo sempre algo muito subjetivo, não consigo não aplicar ao ambiente interior a expressão “puro bom gosto”, denotando mais exuberância e atenção ao detalhe do que o mais sóbrio design exterior. A combinação de cores, materiais e texturas do tablier, portas e bancos fazem do habitáculo do EQS SUV um ótimo sítio para se estar e para se passar tempo em viagem. A qualidade dos materiais é, como seria de esperar, muito elevada, mas o acabamento da zona inferior dos assentos dianteiros, bem como da parte de trás do encosto da segunda fila merece alguma atenção extra.


Outro destaque do habitáculo é o impressionante sistema MBUX, cujos três ecrãs digitais – dois dos quais táteis – elevam o ambiente tecnológico a um nível de que poucos automóveis se podem gabar. A dimensão dos ecrãs, bem como a qualidade de imagem e tempo de resposta são claros argumentos do espetacular sistema da Mercedes-Benz, mas o número de funções e configurações disponíveis exigem, obviamente, alguma habituação por parte do utilizador. Em determinadas situações, a enorme superfície plana pode causar reflexos incómodos para o condutor.


Na segunda fila não falta espaço e conforto para três pessoas e o rebatimento dos bancos permite aceder a uma terceira fila com dois lugares que, como é hábito, são apenas aconselháveis para os passageiros mais pequenos ou para os trajetos mais curtos. As enormes portas ajudam imenso em termos de acessibilidade e o rebatimento dos bancos pode igualmente ser feito de forma elétrica a partir da bagageira, transformando o EQS SUV num pequeno T1 sobre rodas, com um plano de carga completamente horizontal. Nota muito positiva para a versatilidade deste enorme familiar.


Condução: Potente, mas sereno
Ao volante, tenho de começar por destacar o elevado conforto proporcionado pela suspensão, mas também pelo excelente isolamento acústico. É precisamente a ritmos tranquilos e com uma condução serena que melhor se usufrui do EQS SUV. Se selecionado um modo de condução mais desportivo, são notórias as diferenças, mas, felizmente, a Mercedes-Benz não exagerou na transformação do seu grande SUV. Os movimentos de carroçaria são mais controlados e o benefício em agilidade é notório, mas desportivo? Não, isso é que não. O sistema de quatro rodas direcionais dá, igualmente, um enorme contributo para a dinâmica de condução do EQS SUV. Isto é especialmente notório em cidade, onde parece retirar centímetros ao seu longo comprimento.


A posição de condução é confortável e fácil de encontrar, mas achei o suporte lateral do banco algo exagerado, prendendo em demasia o movimento dos braços. Também a visibilidade no sempre crítico pilar A exige especial atenção. Esta versão 450+, de tração traseira, disponibiliza 360 cavalos de potência e permite uma aceleração de 0 a 100 em km/h em 6,7 segundos. A versão 450 4MATIC – de igual potência, mas com tração integral – é, segundo a marca, a mais procurada, mas diria que a maior parte dos clientes nacionais não irá usufruir da superior motricidade, pelo que acho a versão conduzida a mais interessante para o nosso mercado.

O andamento revelado, sem impressionar com uma avassaladora capacidade de aceleração, é mais do que suficiente para o grande e pesado EQS SUV. E isto mesmo quando a sua lotação está esgotada, aposto. Ainda na condução, exemplar é o adjetivo que melhor assenta ao funcionamento do modo inteligente da travagem regenerativa, sistema que pode ser controlado através das patilhas no volante. Fechei o ensaio com um consumo de energia médio de 19,5 kWh/100 km. Pode até ser um consumo elevado, mas, como está bem patente nas fotografias, o EQS SUV não é um elétrico comum.


O preço a pagar
Sim, é verdade que há pormenores a melhorar nos acabamentos “menos à vista” do interior. No entanto, a solidez e qualidade de construção Mercedes-Benz está bem patente nos materiais do habitáculo, no vigoroso e confiante som com que fechamos a porta, no refinamento com que rola e na montra tecnológica que ostenta. É uma proposta elétrica muito específica, para quem os 7 lugares são condição obrigatória, mas a qualidade global do EQS SUV é indiscutível. A versão 580 4MATIC impressiona com 544 cavalos, mas este 450+ declara uma autonomia combinada superior a 600 quilómetros. Na minha opinião, um argumento muito mais importante para uma família numerosa que possa pagar os 133.200 euros que custa.