Mitsubishi Outlander PHEV: Topo de gama reforça ofensiva na Europa
A convite da Astara, importador da Mitsubishi, estive em Madrid para a estreia europeia do novo Outlander, icónico topo de gama na história da marca para o segmento D-SUV e que entra agora na sua quarta geração, a segunda com propulsores eletrificados, tendo a anterior, segundo a marca japonesa, sido pioneira na combinação das siglas SUV e PHEV, atingindo 200.000 unidades vendidas na Europa.

A Mitsubishi desenvolveu o novo Outlander PHEV especificamente para o mercado europeu, tendo sido alvo de uma extensa revisão relativamente ao modelo já previamente comercializado noutros mercados, como por exemplo, nos Estados Unidos da América, evoluções que detalharei posteriormente. Posicionando-se, como referido, no topo da gama atualmente proposta, o Outlander vem reforçar a ofensiva de reentrada no mercado europeu iniciada pelos modelos ASX e Colt.



Design exterior
Exteriormente, a Mitsubishi destaca um visual que homenageia, através de alguns elementos e soluções, a tradição estilística da marca e modelos clássicos como o Pajero, pleno daquilo a que os responsáveis da marca chamam de “Mitsubishiness”. Na frente é destaque a já conhecida assinatura Dynamic Shield e quando visto de perfil, a marca enaltece a horizontalidade e consequente robustez das linhas, com um pilar traseiro – batizado de Jet Tail Fin – que adiciona dinamismo ao look do seu grande SUV. Ainda na lateral, o Outlander pode estar equipado com jantes de 18 ou 20 polegadas.



Na secção traseira, a equipa de design aplicou um motivo hexagonal designado internamente por Hexaguard Horizon inspirado, garantiram-nos, no portão traseiro do icónico Pajero. O desenho da iluminação LED traseira beneficia também a sensação de maior largura do Outlander. Em termos de pintura da carroçaria, a Mitsubishi propõe 12 cores – cinco de dois tons e sete de tom simples. A pintura exterior é agora de três camadas, em vez de duas, resultando naquilo a que a marca chama de efeito diamante. O novo – e bonito – cinzento Moonstone é a cor de lançamento da quarta geração do Outlander.
Por dentro
No habitáculo, ainda que este breve contato estático tenha sido, obviamente, pouco conclusivo, a sensação de qualidade transmitida foi muito positiva. As linhas horizontais contribuem para uma maior impressão de espaço disponível, o qual é, na verdade, bastante convincente. Em termos de materiais, destaca-se a aplicação de elementos mais agradáveis ao toque onde mais importa e os habituais plásticos menos nobres onde nem sempre as mãos chegam. Importa também referir que a climatização mantém comandos físicos de utilização simplificada. Muito bem, Mitsubishi.


Em termos de digitalização, o painel de instrumentos, o ecrã do infotainment e o head-up display prometem uma experiência fácil e intuitiva. Para um conforto superior a bordo, o Outlander pode dispor de um grande teto de abrir panorâmico com 928 milímetros de comprimento e 702 mm de largura para inundar o habitáculo de luz natural.
Tratando-se de um híbrido plug-in, a capacidade da bagageira pode até não ser tão grande quanto as dimensões exteriores dão a entender, mas 495 litros deverão chegar “para as encomendas”. O rebatimento total do encosto – pode ser feito na proporção 40:20:40 – eleva o volume de carga para 1422 litros.


A extensa lista de equipamento de conforto, segurança, assistência à condução e conectividade é ainda complementada por um de dois sistemas de som desenvolvidos em parceria com os especialistas em áudio e instrumentos musicais da Yamaha. Os sistemas Dynamic Sound Yamaha Ultimate (8 altifalantes) e Dynamic Sound Yamaha Premium (12 altifalantes) incluem definições acústicas afinadas pelos técnicos de som da Yamaha, podendo ser modificadas de acordo com as preferências do utilizador e são igualmente capazes de compensar o volume de som consoante as condições da condução, em função da velocidade, utilização do ar condicionado ou ocorrência de chuva.
Híbrido Plug-In com 306 cavalos e autonomia elétrica máxima de 87 quilómetros
O propulsor híbrido plug-in do novo Outlander foi integralmente revisto, beneficiando não só a autonomia elétrica, como também, refere a informação oficial divulgada, a aceleração imediata típica dos elétricos e o baixo ruído de rolamento. O motor de combustão é um propulsor quatro cilindros com 2.4 litros de cilindrada e está combinado com um par de máquinas elétricas, uma por cada eixo, para disponibilizar uma potência total de 225 kW/306 cavalos, mais 40% do que a geração anterior.

A vertente térmica – 100 kW/136 cv e 203 Nm – tem por base o propulsor já conhecido da geração anterior, mas foi incorporado um sistema de recirculação de gases de escape, canais de refrigeração melhorados e coletor de escape integrado com vista à melhoria da sua eficiência. Os motores elétricos dianteiro e traseiro disponibilizam, respetivamente, 85 kW/255 Nm e 100 kW/195 Nm. A bateria elétrica dispõe agora de 22,7 kWh de capacidade, o que permite ao Outlander percorrer até 87 quilómetros sem recurso à queima de combustível.
Para além da nova bateria, maior e mais potente, e do seu novo sistema de refrigeração a líquido, o conjunto do motor traseiro é também mais compacto, uma vez que integra a unidade de controlo. Outros melhoramentos incluem a bomba de calor para um menor consumo de energia ao usar a climatização, bem como um depósito de combustível de maiores dimensões, beneficiando a autonomia total em modo híbrido. A aceleração de 0 a 100 km/h faz-se em 7,9 segundos.
Modos de funcionamento
A motorização híbrida do novo Outlander PHEV pode funcionar de três modos diferentes: modo elétrico, híbrido em série e híbrido em paralelo. O primeiro é utilizado em condução a baixa/média velocidade (embora esta mais recente evolução da motorização PHEV possa ser utilizada apenas com recurso a energia elétrica até aos 135 km/h), o modo híbrido em série inicia o motor térmico para gerar energia quando necessário (mas continuando a propulsão a ser elétrica) e o modo híbrido em paralelo coloca o motor de combustão e os motores elétricos a trabalharem em conjunto para darem resposta a situações de maior exigência.

O condutor pode ainda selecionar quatro modos distintos para gestão da energia. O modo Normal gere automaticamente a condução elétrica/híbrida, o modo EV dá prioridade à propulsão elétrica (quando a carga da bateria o permite), o modo Save mantém o nível de carga da bateria e o modo Charge força o carregamento da bateria através do motor a gasolina. Em termos de carregamento, o Outlander disponibiliza ligações Tipo 2 e CHAdeMO, oferecendo ainda a função Vehicle-To-Home, capaz de transferir energia no sentido contrário, alimentando a casa através da sua bateria.

O chassis do Outlander – plataforma partilhada com o Nissan X-Trail – foi igualmente revisto em termos de suspensão e do sistema de direção. A taxa de amortecimento foi ajustada com vista a melhorar o conforto de rolamento e a direção de pinhão duplo foi também recalibrada para melhorar a sua utilização a baixas velocidades, bem como o seu feedback a ritmos mais elevados. Os travões são também novos, agora com discos ventilados de 350 milímetros em ambos os eixos.
S-AWC – Super All Wheel Control
A quarta geração Outlander vai a jogo com o sistema inteligente de gestão da tração S-AWC, capaz de maximizar a motricidade em função das condições de aderência ou do modo de condução selecionado: Normal, Eco, Power, Asfalto, Gravilha, Neve, Lama. Com desenvolvimento baseado em feedback obtido no mundo dos ralis, o S-AWC permite um controlo preciso do binário entregue em cada eixo, uma distribuição ideal que só é possível porque cada um tem o seu próprio motor elétrico associado, não existindo veio de transmissão mecânico entre as rodas da frente e as de trás.
Outlander nos concessionários em fevereiro de 2025
Uma das surpresas desta apresentação foi o facto do Outlander ter sido lançado exclusivamente em configuração de cinco lugares. E há uma explicação para isso. A bateria recentemente desenvolvida, bem como a revisão aplicada à configuração da suspensão traseira – com elementos em alumínio, para maior rigidez e leveza, barra estabilizadora oca e braço superior em alumínio forjado – limitaram a instalação da terceira fila de bancos. Ainda assim, se os mercados o exigirem, a Mitsubishi tem “margem” para o conseguir implementar. Os responsáveis da marca em Portugal reconhecem que essa variante seria importante, uma vez que não são muitas as propostas PHEV com lotação para sete passageiros no mercado.

O novo Outlander PHEV vai começar a ser produzido já no final do ano e as primeiras unidades deverão chegar aos concessionários oficiais durante o mês de fevereiro. A gama nacional irá incluir quatro níveis de equipamento: Inform, Invite, Intense, Instyle. Não são ainda conhecidos os seus preços, mas o valor base a pagar não deverá fugir muito dos 45.000 euros mais IVA.

No âmbito da estreia europeia do Outlander, em Madrid, tive ainda oportunidade de participar numa roundtable com Frank Krol, CEO da Mitsubishi Motors Europe, conversa onde abordámos temas como o mercado europeu, o futuro portfólio da Mitsubishi na Europa e onde explorámos com mais pormenor tudo o que mudou no novo Outlander PHEV. O artigo completo será publicado em breve.