Ensaio Total: BYD Dolphin Surf Comfort
Da extensa gama que a BYD já propõe no nosso país, este décimo e mais recente modelo, o Dolphin Surf é, muito provavelmente, o mais importante. E digo-o porque se a total eletrificação veio para ficar, então que venha a ser solução para todos. Ou, na impossibilidade desse cenário perfeito, que seja uma solução de mobilidade para um grande número de pessoas, o maior possível.

Para isso, é preciso que o automóvel elétrico seja acessível e este Dolphin Surf, com menos de quatro metros de comprimento, é o mais barato proposto pela marca chinesa em Portugal. E sendo pequeno, é perfeito para as cidades, o palco de eleição dos veículos equipados com uma bateria elétrica. Felizmente, são cada vez mais as propostas 100% elétricas neste tão relevante segmento, mas também por isso, a concorrência é grande para o pequeno BYD.
Design
Ainda que a pintura Polar Night Black dê pouco destaque às linhas da carroçaria, o Dolphin Surf tem um design exterior muito original. O exemplar que conduzi na apresentação nacional, de cor Lemon Green, consegue, nesse aspeto, ser bastante mais eficaz. Ainda assim, o mais compacto dos BYD deu nas vistas, pois foram vários os curiosos que o rondaram, tentando descobrir mais a seu respeito ao sentirem-se convidados pelo símbolo de uma marca que atrai cada vez mais curiosos em Portugal.

A gama inclui três versões distintas, Active, Boost e Comfort, bem como duas opções de bateria e dois níveis de potência. O nível de entrada combina uma Blade Battery de 30 kWh com um motor de 88 cavalos e 175 Nm, o nível intermédio mantém o nível de potência, mas eleva a capacidade da bateria para 43,2 kWh, e o topo de gama, o Dolphin Surf aqui em teste, combina a bateria de maiores dimensões com um motor de 156 cv e 220 Nm.
Muito eficiente
Mesmo tratando-se da versão mais potente – 0 a 100 km/h em 9 segundos – a eficiência está alta com médias de consumo que raramente excedem os 14/15 kWh/100 km, mesmo quando o ritmo é elevado e o ar condicionado está a ser usado. Se conduzido maioritariamente em cidade, o computador de bordo chega a mostrar médias na casa dos 11/12 kWh/100 km. A autonomia declarada em ciclo combinado é de 310 quilómetros, atingindo os 460 km em cidade. A bateria pode ser carregada a 11 kW através de uma wallbox ou num posto DC até 85 kW.


O peso relativamente contido de 1465 kg é um argumento não só para os bons consumos, mas também para as sensações de condução. A suspensão nunca se sente demasiado rija e o Dolphin Surf raramente revela aquela inquietação da carroçaria tão típica dos elétricos com mais massa para controlar, demorando a estabilizar depois de passarmos sobre uma imperfeição. Fácil de conduzir e com um conforto muito adequado a uma utilização quotidiana na cidade e, pontualmente, fora dela.
Por dentro do Dolphin Surf
A posição de condução é elevada e a boa acessibilidade aos principais comandos merece ser destacada, não lhe faltando uma original e bem arrumada consola onde está colocado o seletor do sentido de marcha, o travão de estacionamento, o volume multimédia, os modos de condução, ar condicionado e desembaciador. O painel de instrumentos digital pode até só ter 7 polegadas, mas curiosamente a leitura das informações é clara.


Ao centro, não posso fazer o mesmo elogio ao sistema de infotainment. O ecrã tem 10,1 polegadas de diagonal e pareceu-me bem ajustado à dimensão do Dolphin Surf. No entanto, apesar do funcionamento relativamente intuitivo dos menus, alguns contam com caracteres excessivamente pequenos. Tratando-se de um BYD, continua a ser possível rodar o ecrã tátil em 90 graus ao toque de um botão. A lista de assistentes de condução é extensa, mas alguns deles são excessivamente intrusivos na condução.
Espaçoso e bem equipado
A qualidade dos materiais está bem ajustada ao segmento, com plásticos maioritariamente rijos complementados por algumas zonas forradas num material sintético mais macio. No interior não faltam espaços para arrumação e, no caso deste Comfort, uma zona com carregamento indutivo para o smartphone. Tratando-se da versão topo de gama, a lista de equipamento inclui também elementos como os bancos dianteiros com ajustes elétricos e aquecidos, bem como uma visão panorâmica a 360 graus.



O espaço disponível no banco traseiro surpreende pela positiva. Este modelo de segmento A chega até a parecer um de categoria superior, ainda que a lotação seja apenas para quatro passageiros. Mas verdade seja dita, não são poucos os modelos homologados para cinco pessoas cujo lugar central para pouco serve. O BYD Dolphin Surf, e bem, assume-se desde logo como um veículo para quatro passageiros. Nas portas de trás, volta a surpreender por incluir também espaços de arrumação, mas por ali falta um par de altifalantes.

A bagageira oferece 308 litros de capacidade, volume que pode crescer para um total de 1037 litros com o rebatimento do banco traseiro, o qual pode ser feito na proporção 50:50. Infelizmente, o rebatimento não cria um plano de carga horizontal, o que dificulta a colocação de objetos mais pesados. Debaixo do piso há espaço para arrumar os cabos de carregamento, o que se agradece, mas na bagageira falta uma pequena, porém essencial, luz para iluminar o espaço.
No meio está a virtude
A BYD pede 27.990 euros por este recheado Dolphin Surf Comfort, um valor que, considerando a potência e o equipamento, me parece justo. A versão de acesso, Active, é proposta a partir de 20.885 euros, mas a autonomia combinada de apenas 220 km – 356 km em ciclo urbano – talvez seja algo limitativa para alguns clientes que, de vez em quando, legitimamente, decidam fugir ao caos citadino.

Assim, a versão intermédia Boost parece-me ser a mais equilibrada, combinando potência mais do que suficiente – aceleração de 0 a 100 km/h em 12,1 segundos – com a maior autonomia da gama, 322 km em ciclo combinado e mais de 500 km se conduzido apenas em cidade. Proposto por 24.990 euros, mantém igualmente muita da oferta de equipamento deste topo de gama ensaiado. Se o dinheiro fosse meu, seria esta a minha opção.