GPL: vale ou não a pena? Um caso prático
No que ao futuro do automóvel diz respeito, acho que andamos constantemente a discutir as nossas opções de mobilidade de uma forma algo limitada. Isto porque a discussão parece cingir-se, quase sempre, ao repetitivo duelo dos carros a combustão versus elétricos a bateria. Então e o resto? E os híbridos, parcialmente eletrificados? E os híbridos não elétricos, como este Clio, capaz de queimar gasolina e GPL? Valem ou não a pena?



Temos cada vez mais opções, mas continuamos a insistir, a meu ver, erradamente, num futuro de uma só energia, quando este deveria ser, multienergias. Duvido que venhamos a ter, pelo menos a curto prazo, uma solução ideal para todas as necessidades (e possibilidades), mas acredito que temos, cada vez mais, melhores opções para diferentes finalidades. Uma opção como este Clio, modelo de qualidades indiscutíveis que não irei aqui explorar, mas que serviu de base a um pequeno, mas conclusivo, exercício de matemática.
Lisboa-Loulé-Lisboa
Para o completar, apontei o Clio ao Algarve, saindo da zona da Grande Lisboa com o objetivo de cumprir uma viagem de 600 quilómetros, recorrendo à gasolina para ir e ao GPL para voltar. As condições de teste foram equivalentes em ambos os sentidos, com uma condução tranquila e cumprindo sempre os limites de velocidade.
Porém, é importante mencioná-lo, diferiram ligeiramente no maior tráfego que encontrei na viagem de regresso, o que se traduziu em mais ultrapassagens pelo caminho e em algum para e arranca na habitual dose de loucura da portagem para entrar em Lisboa pela Ponte 25 de abril. O ar condicionado esteve sempre ligado, pois a temperatura assim o exigia, e o modo de condução utilizado em ambos os percursos foi o Eco.



Depois de percorridos os primeiros 300 quilómetros, cheguei a Loulé com o computador de bordo a mostrar uma média de 5,4 litros de gasolina consumida por cada 100 quilómetros. No dia seguinte, tendo utilizado exclusivamente o depósito de GPL na viagem, estacionei o Clio à porta de casa com uma média, obviamente, superior: 7,8 l/100 km. Como referi, mais trânsito, mais ultrapassagens e, tal como comprovado em testes prévios, o consumo a GPL tende a ser, em condições idênticas, superior ao de gasolina.

GPL vs. gasolina: as contas
Assim sendo, o Clio consumiu cerca de 16,2 litros de gasolina na viagem até ao Algarve e 23,4 litros de GPL para me trazer a casa no dia seguinte. Para este exercício, considerei igualmente os preços praticados, à data da publicação deste artigo, no posto de abastecimento mais perto da minha residência que disponibiliza GPL: 1,804 €/litro de gasolina simples 95 e 0,884 €/litro de GPL Auto. Contas feitas, gastei 29,22 € em gasolina e 20,68 € em GPL, o que se traduz numa poupança de cerca de 30% com vantagem para o Gás de Petróleo Liquefeito.



É também importante destacar que, com as médias de consumo registadas neste teste e com os preços por litro considerados, o Clio TCe 100 Eco-G, com o seu depósito de gasolina de 39 litros e depósito de 32 litros de GPL, alcança uma autonomia total de 1130 quilómetros com um custo de 98,65 €.
Um Clio puramente a gasolina, com um depósito de 42 litros, tem uma autonomia de 780 quilómetros considerando a mesma média de 5,4 l/100 km aqui registada. Para percorrer os “mesmos” 1130 quilómetros, não só exige paragem para abastecimento, como o custo total é superior, 110 €.
Por curiosidade, permitam-me outro exercício: qual o custo de 1130 quilómetros percorridos em exclusivo com recurso a GPL? A resposta é 77,90 €, um valor a que também corresponde, obviamente, uma poupança a rondar os 30% já acima calculados, mas que, em “euros”, ganha nova dimensão e significado. São 28,40 euros de poupança por cada 1000 quilómetros percorridos. Na hora de comprar, façam-se as contas.