Toda a gente quer um FIAT 500 e eu não sou exceção
Generalizar nunca é bom. Não é elegante e quase nunca se justifica, pois há sempre exceções à regra, regra essa que não tem, também, necessariamente que o ser. Porém, neste caso, permitam-me a brincadeira de generalizar no título, pois mesmo quem não o quer, não lhe fica indiferente. O FIAT 500 é, mais do que um sucesso comercial – que o é, indiscutivelmente – um sucesso emocional e geracional.
O simpático automóvel que a FIAT reinventou para o século XXI salvou-a da escuridão, não há outra forma de o dizer. Um cenário que, usando uma analogia também ela “made in italy”, seria certamente digna da viagem de Dante pelo Inferno, imagino, no qual foi a mão visionária de Sérgio Marchionne a responsável por aguentar e, posteriormente, puxar, a mítica Fabbrica Italiana Automobili Torino dos círculos de sofrimento que a esperavam na sua trajetória descendente.


Mais de quinze anos depois do seu regresso ao mercado, o FIAT 500 continua a apelar como poucos outros modelos conseguem. Os resultados falam por si. Vários anos (muitos) depois do seu relançamento, o 500 continuou a bater os seus volumes anuais de vendas. Esta estratégia de reinventar e relançar nomes icónicos para, recentemente, também nos levar a olhar para a mobilidade elétrica com outros olhos é tremendamente eficaz, sem dúvida alguma. Veja-se o que está a fazer a Renault, por exemplo, com o 5, o 4 e o Twingo. Quem não teve ou não andou num R5 há 20 anos? Exato. Muitos de nós.



Mas a FIAT fê-lo antes. E fê-lo com sucesso. A Volkswagen tentou com o Beetle e não conseguiu. E já disse que não o pretende fazer com, por exemplo, o Scirocco. A BMW teve sucesso, sim, mas o Mini nunca foi um automóvel para todas as carteiras. Não que o 500 tenha alguma vez sido barato para o que oferece em termos de motor, conforto e habitabilidade, mas o que proporciona em liberdade de utilização e, acima de tudo, liberdade de espírito, rapidamente lhe renovou o estatuto de ícone juntos dos mais novos e, também, dos menos.
O 500 é agora elétrico e, assim, mais caro. Mas será, em breve, híbrido e, assim, um pouco mais em conta. Versões Abarth também as há. E apesar de elétricas, fazem barulho. E se novo não é opção, o mercado de usados está cheio de opções giras. Motores a gasolina ou Diesel. No caso dos primeiros, com dois, três ou quatro cilindros. Versões berlina ou cabrio, mais coloridas para os que gostam de dar nas vistas ou mais discretas para, adivinharam, os mais discretos. Há um 500 perfeito para todos nós, mesmo que não o queiramos admitir.


E no meio de tantos simpáticos FIAT que vemos por dia, aposto – mas aposto pouco, para não perder muito – que nunca viste um como este. Um 500 de “quatro portas”, elegante e simplesmente chamado de “3+1”, pensado para facilitar o acesso ao banco traseiro sem que isso prejudique as linhas intemporais da sua carroçaria. Não é o meu 500 de eleição, mas será, certamente, para alguns de nós. É mais uma possibilidade numa história que se prolonga em imensas versões, edições especiais, colaborativas ou comemorativas, desportivas ou quotidianas, fechadas ou abertas, térmicas ou elétricas.

Não é a primeira vez que escrevo sobre o tema, mas sempre que conduzo um 500, fico tentado a “perder-me” no assunto, pois este é um automóvel que merece dizer algo mais do que um ensaio normalmente descreve. E cada vez que o faço, as certezas são maiores. Fico tentado porque apesar de ter o prazer de o conduzir regularmente, nas suas mais variadas interpretações, ainda não conduzi o meu 500. Falta-me esse. Sim, porque não querendo generalizar, todos queremos um 500 e eu, garantidamente, não sou exceção.