Citroën C3 Aircross 1.5 BlueHDi 120: vá para fora, cá dentro
Testámos o Citroën C3 Aircross a gasóleo na versão Shine com caixa automática. Uma solução que, não sendo propriamente barata, o é. Passamos a explicar.
Embora o título possa remeter para umas férias pelo nosso lindo país, não é propriamente essa a intenção. É, antes, dizer de uma forma algo poética que este Citroën C3 Aircross é uma excelente escolha se tiveres intenção de andar fora de estrada. Ou seja: vai para fora de estrada, dentro deste Citroën, ao qual apenas lhe falta a sigla “TT” para dizer ao que vai.
Desculpa-me se pareço estar a complicar. Provavelmente estou. Deixa-me, então, simplificar. Há carros com pretensões “offroad” maiores do que as deste C3 Aircross, mas que se portam bem pior do que ele quando chega a hora de sair do asfalto. Não é a sua principal função, é certo, mas este familiar não hesita em nada quando é preciso molhar os pés… e encharcá-los com lama e pedras. Tivemos essa amostra na sua apresentação nacional, onde conseguimos puxar bem por ele por entre buracos e riachos e tudo mais que lhe metêssemos pela frente, sempre sem fraquejar, e pudemos comprovar, também, que é super fácil de conduzir em estrada pavimentada. Relaxado, confortável e prático, como se pede de um familiar.
Motor
Não sendo o ideal para voltas mais pequenas, este C3 Aircross que testámos vinha com o motor 1.5 BlueHDI, a gasóleo, com 120 cavalos e 300 Nm de binário. A passar a potência às rodas estava uma caixa de 6 velocidades automática bastante suave e, ao nível do motor, só há boas coisas a apontar. Quer dizer, há uma negativa, que é o barulho. Podiam ter insonorizado um pouco mais. Mas é só isso! Este motor é bom, competente, faz excelentes consumos – facilmente se anda em torno dos 5/5,5 litros aos 100 km em ciclos mistos.
Puxa quando tem de puxar e, mesmo aí, a caixa acompanha sem hesitações. Permite rolar sem ser necessário estar sempre a puxar por ele e, mesmo em velocidades mais altas, não se sente que esteja em esforço. É um motor para fazer muitos quilómetros, não há dúvida. Tivemos um contacto com o motor a gasolina, na sua apresentação, e as impressões que ficaram também foram boas. Será a opção certa para deslocações mais curtas e menos quilómetros anuais. O preço, se compararmos versões equivalentes e mudarmos, apenas, o tipo de combustível, difere em 2.400€ a favor da gasolina. Já é considerável.
Conforto
Neste campo, será difícil alguém não gostar do C3. A Citroën tem um historial muito grande no desenvolvimento de carros confortáveis e os avanços tecnológicos só melhoram o que sempre foi bom. Os bancos Advanced Confort, bem acolchoados, ajudam a aguentar viagens longas e a suspensão, ainda que não tenha os batentes hidráulicos progressivos como o C5 Aircross, é adequada.
O conforto não acaba aqui. Não só os bancos, o volante e a posição de condução promovem uma viagem confortável, como todo o habitáculo está cheio de luz natural. As janelas são muitas e grandes e isso elimina a sensação de claustrofobia que algumas pessoas possam sentir. Pessoalmente, gosto de carros que me dão a sensação de cockpit, mas este C3 Aircross foi uma agradável surpresa. Sem ser grande, dá uma sensação de espaço a todos os níveis e isso, curiosamente, até relaxa a cabeça. Para quem anda muito no trânsito ou tem uma família grande é capaz de ser coisa para dar jeito.
Condução
A condução, como disse no início, é boa e beneficia não só da caixa automática como também do sistema Grip Control e Hill Descent Assist, sistemas que ajudam a controlar a tração de acordo com o piso e com a inclinação das descidas. Ou seja, se queres andar com o carro fora de estrada – e acho muito bem que o faças, pois é muito bom para isso – sugiro que pagues os 300€ deste opcional.
Posto isto, e para concluir a minha afirmação inicial de que este Citroën C3 Aircross é “uma solução que, não sendo propriamente barata, o é” falta dizer o preço. Esta unidade que testámos, a versão Shine, com alguns opcionais e o motor a gasóleo, custa cerca de 26 mil e tal euros. Lá está, é “puxadote”. No entanto, se virmos bem o espaço, conforto, capacidade dentro e fora de estrada e mecânica, o caso muda de figura. Felizmente, a Citroën vende-o a partir de 17.000€ na versão Feel com caixa manual de 6 velocidades tanto na versão a gasolina de 110 cavalos como na versão a gasóleo com 120 (mais 3.000€). Lá está. Por um preço destes, há muitos todo-o-terreno que ficam a vê-lo passar.