Ensaio Total: XPeng G9 Performance
Apenas duas semanas depois de ter conduzido o XPeng G6, dei por mim ao volante do enorme G9, o segundo SUV da oferta atual de três modelos da marca chinesa em Portugal. E com 4,89 metros de comprimento, quase 2 metros de largura e 1,67 metros de altura, não deu para passar despercebido com o grande SUV familiar da XPeng, com um impactante visual que, na unidade que testei, era ainda complementado por umas distintas jantes de 21 polegadas, forradas com borracha de medida 255/45.


Ainda no que à estética diz respeito, o G9 está longe de se destacar apenas pela sua dimensão, apostando num design que o marketing classificaria como minimalista e monolítico, o que, neste caso, entendo bem. A inspiração noutros modelos, digamos, mais consagrados do mercado, é óbvia. Porém, esteticamente, o exercício de estilo do G9 está longe de ser uma cópia descarada de outros já conhecidos, apostando, por exemplo, na solução já habitual da XPeng de incorporar portas sem moldura de janela, algo que aprecio.
Espaço, espaço e mais espaço
Por dentro, permitam-me o cliché, mas é mesmo “tudo à grande”. Aliás, com uma distância entre eixos de praticamente 3 metros, nem podia ser de outra maneira. No banco de trás viaja-se em conforto absoluto, com imenso espaço disponível para as pernas e cabeça, sendo inclusivamente possível regular eletricamente a inclinação do encosto. Destaque ainda para o enorme teto panorâmico, bem como para uma elevada sensação de qualidade dos materiais, algo que, quando presente, é quase sempre exclusiva dos lugares dianteiros. Os vidros traseiros, lamentavelmente, não descem na totalidade.


Lá mais atrás, o G9 disponibiliza 660 litros de capacidade de bagageira, volume que é expansível a mais de 1.500 litros com o rebatimento do encosto. O procedimento pode inclusivamente ser feito a partir da mala, mas depois de rebatidos, os encostos não permitem criar uma superfície completamente ininterrupta, um ponto menos bom na avaliação da versatilidade. Por outro lado, graças à suspensão pneumática, é possível regular a altura do plano de carga também a partir da bagageira, solução útil no caso de ser necessário ali colocar objetos grandes e pesados. O G9 dispõe ainda de uma bagageira dianteira com 71 litros de capacidade.


A partir dos lugares da frente é impossível não destacar a digitalização, elemento que surge na proporção expectável às dimensões do G9, com três grandes ecrãs, dois deles táteis, sendo o da direita exclusivamente para o passageiro da frente. Porque, dizem-nos os fabricantes de automóveis, o passageiro precisa de conteúdos, precisa de ser entretido em viagem. Impressionante? Sim. Necessário? Não. Como consequência da abrangente digitalização, o tablier do G9 salta à vista por prescindir totalmente de botões, sendo o ecrã do meio a central de comando de todas as funcionalidades. São muitas, é claro, sejam de conforto, segurança, entretenimento e condução, requerendo, por isso, alguma habituação, mas o sistema da XPeng está bem organizado e o display tem ótima definição, ainda que alguns caracteres sejam excessivamente pequenos.

Gama com três versões disponíveis
A gama do grande G9 é composta por três versões, Standard Range e Long Range com motor traseiro de 313 cavalos e bateria de 78,2 ou 98 kWh, respetivamente, bem como por este Performance de configuração de duplo motor elétrico, proporcionando, assim, tração integral e uma potência total de 551 cavalos. Graças à presença de uma bateria idêntica à da versão Long Range, este topo de gama declara uma autonomia WLTP em ciclo combinado de 520 quilómetros. Com um peso de cerca de 2.350 kg, não se esperem encontrar aqui valores de consumo referenciais, mas reconheço que os 18,9 kWh/100 km registados neste teste foram uma boa surpresa considerando a dimensão do maior dos XPeng.


Mais impressionante é a rapidez com que o G9 acelera tendo uma vez mais em conta o que pesa. Com mais de 700 Nm de binário disponíveis instantaneamente, são apenas necessários 3,9 segundos para se cumprir o habitual sprint de 0 a 100 km/h. Porém, ainda que impressionante como referi, senti que o nível de potência disponível é, tal como no comentário ao ecrã digital do passageiro, desnecessário. A tração integral pode ser vantajosa ao conduzir em climas mais rigorosos, reconheço, mas o G9 Long Range fará efetivamente mais sentido, sendo também um pouco mais eficiente, acredito. Os modos de condução disponíveis são os habituais Eco, Standard, Desportivo e Individual, este último, personalizável ao gosto do condutor.


XPeng G9 desde 62.790 euros
Verdadeiramente impressionante – e agora sem o adjetivo “desnecessário” associado – é o sistema de suspensão pneumática do G9 e o nível de conforto que oferece. Com uma altura livre ao solo standard de 140 milímetros, é possível ajustá-la em 50 milímetros, para cima ou para baixo, adaptando o grande SUV às condições de circulação. Mas independentemente disso, a suspensão agrada pela enorme capacidade de filtrar as irregularidades da estrada, isolando com eficácia o habitáculo de vibrações incómodas e garantindo a obrigatória experiência de viagem refinada que se espera encontrar numa proposta deste género. Tecnologia abrangente, potência de sobra e conforto tremendo são argumentos do XPeng G9, modelo que, tal como o G6, se destacou igualmente pela sensação geral de qualidade.