Ensaio Sprint: BYD Atto 3 Comfort
Com a rapidez habitual, mas igualmente inesperada, apercebi-me de que já se passaram dois anos desde que conduzi o primeiro modelo da BYD, o Atto 3. Recordo-me de boas primeiras impressões de um SUV que se mostrou, por exemplo, com boa habitabilidade e com desempenho eficiente, presente numa gama que era, na altura, composta por quatro modelos. Dois anos depois, a BYD mais do que duplicou a sua oferta de modelos em Portugal e introduziu, também, uma atualização do seu Atto 3, aqui à prova.


Visualmente, pouco ou quase nada mudou dirão aqueles que não “toparem” as novas jantes de 18 polegadas, bem como os frisos das janelas e o painel do terceiro pilar com acabamento preto. A pintura da carroçaria Cosmos Black com um custo de 850 euros é também nova e atrás o Atto 3 perdeu igualmente a designação “Build Your Dreams”. Mudanças subtis, é certo, mas suficientes para que o Atto 3 se mantenha atual e, a meu ver, mais apelativo.
Por dentro do BYD Atto 3
No habitáculo, mantendo as suas linhas gerais inalteradas, o Atto 3 passou também a ser disponibilizado com um ambiente de tons predominantemente escuros, uma solução que agradará a quem não apreciou anteriormente os contrastes e um excesso de “informação visual” que poderia, até, tornar-se cansativa. Em termos de equipamento, a BYD reforçou a oferta com itens como o sensor de chuva, vidros traseiros escurecidos e volante aquecido. Espaços de arrumação não faltam, inclusivamente várias bolsas nas costas dos bancos da frente.


A bordo, existem, no entanto, alguns elementos que podiam ser facilmente melhorados. São disso exemplo as pegas das portas, que têm um aspeto excessivamente barato, bem como o encosto dos bancos dianteiros na zona lombar, pouco confortáveis para as viagens mais longas. O acesso ao banco traseiro é bom e espaço atrás para joelhos e cabeça não falta neste SUV de dimensões exteriores relativamente compactas. Já o suporte para as pernas podia ser melhor, com um assento um pouco mais comprido.


Em termos de chassis, a marca chinesa implementou uma nova afinação de amortecimento com vista a melhorar o conforto de rolamento. Não duvido da eficácia da solução, até porque o Atto 3 mostrou-se, reconheço, quase sempre muito confortável. Mas a verdade é que as impressões recolhidas neste segundo teste ao SUV de segmento C foram muito semelhantes às do primeiro contacto. Fácil, seguro e agradável de conduzir, como um SUV compacto elétrico para o quotidiano deve ser.
Consumo reduzido
Em termos de eficiência, nota igualmente positiva para o Atto 3, com o computador de bordo a mostrar uma média final de 14 kWh/100 km, valor que coloca a autonomia real um pouco acima dos 400 quilómetros. Estão disponíveis vários modos de condução, os habituais Eco, Normal e Sport e um adicional para condução, por exemplo, na neve ou em caminhos fora de estrada. É também possível variar a intensidade da regeneração de energia em dois níveis, mas falta um modo que permita conduzir com recurso a um pedal apenas.


A evolução foi ligeira, mas bem-vinda. Esteticamente, o Atto 3 nunca foi um modelo de conquista imediata, mas os acabamentos escuros e a maior discrição na sua identificação acabam por resultar num conjunto mais agradável. Há ainda margem para melhorar o interior, mas o espaço e conforto oferecidos merecem nota positiva, elogio que posso prolongar à eficiência energética. Nesta vertente, importa também destacar que a Blade Battery pode agora ser carregada a 110 kW num posto DC, quando anteriormente se ficava por um valor máximo de 88 kW. O nível de carga pode ser elevado de 30a 80% em 28 minutos.

A gama nacional do novo BYD Atto 3 é composta por duas versões, Comfort, aqui em ensaio, e a topo de gama Design. Ambas “partilham” a bateria de 60,4 kWh, o motor elétrico de 204 cavalos e de 310 Nm de binário, bem como a capacidade de reboque melhorada, agora com um peso máximo admissível de 750 kg. A variante Comfort é proposta por 36.650 euros, estando a ainda mais recheada Design disponível a partir de 40.923 euros.