Ensaio Total: Volkswagen Passat 1.5 TSI PHEV
Quando falamos de modelos icónicos atualmente disponíveis na gama da Volkswagen lembramo-nos imediatamente do Golf, depois do Polo e, muito provavelmente, só depois nos ocorre o Passat. Não o vemos tanto como os outros dois, mas é um dos três modelos mais vendidos da marca a nível internacional e um nome que conta igualmente com mais de 50 anos de história na gama da marca alemã, tendo acumulado mais de 34 milhões de unidades vendidas até à introdução desta nova geração que tive agora oportunidade de conduzir.


Construída com base na mais recente evolução da plataforma MQB, esta nona geração Passat prescinde do apelido Variant para designar a carroçaria station wagon, a partir de agora a única disponível na gama. Cresceu, obviamente, e oferece agora mais espaço para os passageiros e respetiva bagagem. Segundo a Volkswagen, estão agora disponíveis mais 50 milímetros de espaço para as pernas no banco traseiro, algo que não questiono considerando a folga de quase um palmo que pude comprovar. O túnel central é algo intrusivo, mas o lugar do meio não é tão desconfortável quanto à partida se possa pensar.


A qualidade dos materiais é idêntica à dos utilizados à frente e por ali não faltam bons acabamentos, como os compartimentos de arrumação nas portas forrados a alcatifa. Faltam, no entanto, pelo menos na unidade ensaiada, tomadas USB para carregamento de dispositivos móveis e as sempre práticas bolsas nas costas dos bancos da frente. O facto de as portas traseiras serem grandes representa igualmente um enorme benefício num veículo com verdadeiras aptidões familiares, facilitando o acesso e a colocação de cadeirinhas.
Bagageira enorme
A bagageira tem agora 690 litros, mais 50 litros do que na geração anterior, um volume que é ainda expansível a 1920 litros com o rebatimento do encosto, algo que pode ser feito a partir da porta da bagageira e que permite criar um plano de carga ininterrupto. Debaixo do piso, inclusivamente junto ao encosto do banco traseiro, estão disponíveis compartimentos de arrumação, úteis para arrumar, por exemplo, os cabos de carregamento desta variante plug-in. A chapeleira pode ser enrolada com um simples toque, uma solução “Simply Clever”, até porque este novo Passat foi integralmente desenvolvido pela Škoda, partilhando muita da sua tecnologia e a linha de produção com o novo Superb.


À frente, destaque para uma excelente posição de condução, tipicamente Volkswagen, num ambiente que será igualmente muito familiar para aqueles que conheçam de perto a mais recente geração de produtos do símbolo de Wolfsburgo. A qualidade dos materiais empregues não merece críticas negativas, sendo agradáveis ao toque acima da linha média e tornando-se mais rijos daí para baixo. A construção é sólida e deve ser elogiada, mas detalhes como a imitação de uma costura nos painéis das portas e tablier podiam ser evitados. Os comandos físicos não abundam, mas felizmente o volante mantém-nos, tornando a experiência de utilização muito mais intuitiva e segura.
Autonomia elétrica de referência
Uma das grandes novidades deste novo Passat é a introdução da mais recente geração de propulsores híbridos plug-in. No caso da variante em ensaio, com 204 cavalos de potência, combina um motor 1.5 TSI a gasolina de 150 cv – com turbocompressor de geometria variável e funcionamento segundo o ciclo Miller – com uma máquina elétrica integrada na transmissão DSG de 6 velocidades. A bateria tem agora 19,7 kWh de capacidade, sendo suficiente para percorrer mais de 100 km em modo elétrico, distância que, segundo a Volkswagen, chega para completar 99% das viagens de automóvel realizadas na Alemanha. Isso não posso comprovar, mas posso, isso sim, dizer-vos que só ouvi o motor de combustão trabalhar depois de ter percorrido 141 quilómetros, a maior autonomia elétrica que consegui atingir até ao momento num ensaio de um PHEV.

Em condições normais, acima de -10ºC, o Passat arranca sempre em modo “zero emissões”, passando ao modo de propulsão híbrido se a bateria ficar sem carga, se excedidos os 140 km/h ou, como é hábito, se o condutor pressionar a fundo o pedal do acelerador. Depois de esgotar a bateria, conduzi o Passat exclusivamente em modo híbrido e voltei a ficar surpreendido pela eficiência, com um consumo médio de combustível que não excedeu os 6 l/100 km e ao qual não é alheia a facilidade com que o Passat desliza quando se solta o pedal da direita. Ainda no que diz respeito à vertente elétrica, preciso de fazer outros dois elogios ao Passat: o correto funcionamento do modo automático da regeneração de energia e o facto de ser possível carregar a bateria a uma potência máxima DC de 50 kW.


Estão disponíveis quatro modos de condução, três pré-configurados e um personalizável, para que a condução do Passat se adapte às diferentes condições de circulação. Porém, o que importa reter é que, seja numa vertente mais tranquila ou numa mais dinâmica, o sistema híbrido do grande familiar da Volkswagen responde sempre bem ao que lhe é pedido, com a suavidade que se espera, mas também com a rapidez que lhe possa ser exigida. E aproveitando o tema de uma condução mais tranquila ou mais dinâmica, importa referir que, mesmo sem dispor do chassis adaptativo, a suspensão do Passat sabe combinar conforto com um comportamento ágil, o primeiro também ajudado pelo perfil elevado dos pneus – 215/55 R17 – e o segundo igualmente beneficiado por uma correta distribuição de peso, uma vez que a bateria de tração está colocada à frente do eixo traseiro.
Volkswagen Passat desde 42.900 euros
Ainda que, esteticamente, esta não seja a unidade mais apelativa do Passat, esta mais recente geração do grande Volkswagen deixou impressões extremamente positivas. Agradou pela qualidade de construção, habitabilidade, capacidade da bagageira, facilidade de condução, bem como pela disponibilidade e autonomia elétrica do sistema híbrido. Um automóvel globalmente muito competente pelo qual a Volkswagen pede, pelo menos, 42.900 euros ou, no caso deste híbrido plug-in, 52.150 euros, uma proposta que se torna bastante mais interessante para as empresas, estando disponível por 34.990 euros mais IVA.