Ensaio Total: Audi A6 Avant e-tron performance
Há pouco mais de dois anos estive presente na Conferência Audi Vision Portugal. Entre as várias revelações e novidades anunciadas, regressei impressionado com o A6 Avant e-tron concept, o estudo que antecipava o modelo de produção que tive agora oportunidade de conduzir. E colocando-os lado a lado, embora se identifiquem algumas diferenças, é-me difícil não voltar a elogiar o trabalho dos designers da Audi, uma vez que muitas das soluções estéticas em estudo passaram efetivamente à produção.


Por dentro, à frente, é também impossível não nos sentirmos imediatamente absorvidos pela tecnologia, com cinco displays a preencherem-nos o campo de visão. Do enorme painel de instrumentos e ecrã do infotainment, passando ainda, nesta unidade, pelo menos visto ecrã auxiliar para o passageiro e visores laterais que transmitem as imagens provenientes de câmaras no lugar dos retrovisores exteriores. Estes últimos contam com imagem de elevada resolução e o sistema que alerta para a presença de um veículo no ângulo morto é muito eficaz, reconheço, mas a sua utilização requer habituação, importa ser dito.


Em termos de materiais, embora a sensação geral de qualidade seja, como esperado, elevada, a verdade é que estão presentes alguns menos nobres onde não os esperava encontrar, como na base do pilar A e em algumas zonas das portas. A consola central em “piano black” e um volante desportivo que teima em não ser um círculo perfeito também não me convenceram. De qualquer forma, não fiquem dúvidas, o habitáculo do A6 Avant e-tron é um excelente sítio para se estar, respirando-se a tão apreciada e habitual aura de um Audi, algo que os fãs da marca irão certamente apreciar.
Passando aos lugares traseiros, o acesso faz-se por portas que não são assim tão grandes. Pelo menos se considerado o comprimento total de 4,93 metros do A6 Avant e-tron. Já instalados, podemos contar com espaço mais do que suficiente para pernas e cabeça, algo a que a distância entre eixos de 2,95 metros não é indiferente. Infelizmente, apesar do muito espaço oferecido, o assento mostrou-se algo curto e baixo, não proporcionando o suporte suficiente às pernas durante as grandes viagens a que este Audi aponta. Por outro lado, os bancos aquecidos e o controlo independente da climatização compensam esse menor conforto.


Em termos de capacidade de bagageira, a primeira Avant 100% elétrica disponibiliza 502 litros de volume útil, existindo ainda um pequeno espaço de arrumação debaixo do piso. O rebatimento dos encostos dos lugares traseiros pode ser feito a partir de trás, criando-se, assim, um plano de carga sem degraus, perfeito para a colocação de objetos longos como pranchas ou bicicletas. À frente está ainda disponível um pequeno “frunk” com 27 litros de capacidade, ideal para receber os cabos de carregamento ou outros acessórios essenciais para as viagens.


Tal como o Audi Q6 que também já tive o prazer de conduzir, o A6 Avant e-tron baseia-se na plataforma PPE, partilhada igualmente com o novo Porsche Macan. Nesta variante Performance está equipado com um único motor elétrico, colocado no eixo traseiro, com 367 cavalos. A bateria tem 100 kWh de capacidade – 94,9 kWh de capacidade útil – e, aliado ao facto de este ser o Audi com o coeficiente aerodinâmico mais reduzido de sempre, permite-lhe declarar uma autonomia em ciclo combinado superior a 700 quilómetros.
Ainda que tenha confirmado que este é, efetivamente, um elétrico bastante eficiente, a média final de 16,3 kWh/100 km deste teste coloca a autonomia real um pouco aquém do valor declarado, mais perto dos 600 quilómetros. Em ambiente de autoestrada, onde a eficiência elétrica normalmente se dissipa, o A6 Avant e-tron surpreendeu com uma média de 17,5 kWh/100 km, mesmo com ar condicionado em utilização constante. Importa ainda referir que a intensidade da regeneração pode ser controlada nas patilhas atrás do volante.


Com praticamente 5 metros de comprimento, uma enorme bateria de 100 kWh escondida debaixo do piso e imensa tecnologia e equipamento a bordo, não é de estranhar que o peso do A6 Avant e-tron exceda os 2.200 kg. Por outro lado, mesmo com todo este lastro, não deixa de ser surpreendente a forma como se comporta dinamicamente. Falta-lhe alguma emoção, é certo, mas em termos de agilidade e, acima de tudo, de estabilidade e de segurança a velocidades mais elevadas, não há como não ficar impressionado. A suspensão pneumática com amortecimento e altura variável de acordo com o modo de condução selecionado dá para isso um contributo inequívoco, assim como para a forma refinada como pisa e filtra o asfalto.


A sua concorrência é, literalmente, de peso. São disso exemplo modelos como o Mercedes-Benz EQE e o BMW i5, e isto apenas para mencionar os óbvios. Longe de os querer comparar, pois só seria justo se os tivesse lado a lado, quero, porém, elogiar o trabalho da Audi ao ter conseguido algo que, do meu ponto de vista, é extremamente importante: ainda que totalmente reinventado para a era elétrica, este A6 Avant mantém muitas das características que sempre definiram o modelo. A imponência visual, a robustez de construção e o espírito estradista. A autonomia é elevada e com uma potência de carregamento máxima de 270 kW, também se minimizam as diferenças para um A6 a combustão parcialmente eletrificado, modelos que a Audi continuará, e bem, a propor na sua gama.
- Preço base: 76.932 euros
- Preço unidade ensaiada: 110.337 euros