Ensaio Total: FIAT Grande Panda 1.2 Híbrido 110 cv
O Grande Panda é um dos automóveis mais importantes do ano. Não só pelo significado que o nome carrega, mas por ser um modelo que reforça a presença da FIAT num dos segmentos mais relevantes do mercado. E que não fiquem dúvidas, a aposta foi forte e abrangente. Pela singularidade do design, cheio de detalhes que homenageiam o modelo e as origens da marca italiana, e também em termos de motorizações, com opções para quase todos os gostos e necessidades. O Grande Panda pode ser elétrico, pode circular apenas com recurso à queima de gasolina ou pode ser, como este exemplar em ensaio, híbrido, combinando um motor 1.2 litros a gasolina com uma máquina elétrica incorporada na caixa de velocidades automática.


Por fora, o mais alegre
Não tenho por hábito avaliar o design dos automóveis, mas não resisto a partilhar a minha opinião: o Grande Panda é o automóvel mais alegre do momento. Dos inúmeros detalhes que o ligam à primeira geração ou que remetem para o passado recente da marca de Turim, passando pelo catálogo de cores “No More Grey” disponíveis, o Grande Panda é, acima de tudo, diferenciador e original. O dia pode nascer cinzento, o percurso ser repetitivo e o destino ser pouco convidativo, mas a viagem vai ser garantidamente menos depressiva a bordo do Grande Panda e também melhor para quem o vir passar. A concorrência que se cuide, no setor automóvel e, igualmente, na indústria farmacêutica.


Por dentro, também
O mesmo elogio estético prolongo ao habitáculo, onde, para além dos muitos pormenores curiosos, destaco a feliz combinação de cores e uns bancos dianteiros que não são apenas bonitos, sendo também muito confortáveis para a correria do quotidiano na cidade. O espaço atrás, não sendo abundante, é mais do que suficiente para dois adultos e o lugar central é também utilizável, mas apenas aconselhável em percursos mais reduzidos, claro. A bagageira disponibiliza 412 litros de espaço útil e pode ser expandida a 1.366 litros com o rebatimento do banco, manobra que, infelizmente, e pelo menos na unidade ensaiada, não cria um plano de carga sem degraus. Por ali também senti falta de um pneu suplente, mas o espaço para o receber está lá.


Felizmente, não faltam botões para pressionar
À frente são vários os elogios a fazer. Gosto da posição da posição de condução, dos espaços de arrumação como a original Bambox e que se mantenham os controlos físicos para a climatização. O botão de acesso rápido para desligar os alertas de velocidade é mais do que bem-vindo. Os plásticos utilizados são rijos, claro que são. Estamos na presença de um automóvel utilitário, que se quer prático e acessível para que possa chegar a um grande número de pessoas. Se o Panda estivesse equipado com materiais mais nobres, não tinha metade da piada. E mesmo com materiais rijos, repito, o ambiente a bordo é muito cativante, transparecendo toda a jovialidade e cor que alguém em Turim decidiu serem obrigatórias no Grande Panda.


Tem genica e é poupado
Para este primeiro ensaio mais prolongado ao Grande Panda optei pela motorização híbrida, pois parece-me a mais adequada ao momento atual do nosso mercado, no qual a transição está a decorrer, mas onde uma versão 100% elétrica não é ainda hipótese para muitos de nós. A FIAT, e bem, disponibilizou as três opções, mantendo uma variante puramente a gasolina na gama, mais acessível. Quanto a números, este híbrido oferece 110 cavalos e 205 Nm, potência e binário que lhe permitem acelerar de 0 a 100 km/h em 10 segundos e atingir 160 km/h. A FIAT diz que, com este motor, o Grande Panda gasta 5,1 l/100 km em ciclo combinado. Não o posso confirmar porque alguém decidiu não instalar um computador de bordo, o que é, no mínimo, uma decisão estranha. Ainda assim, a eficiência é indiscutível e o valor real de consumo deste teste, aposto, ficou-se abaixo dos 6 l/100 km.


Propulsão elétrica, mas só pontualmente
Ao volante, o sistema híbrido destaca-se pela suavidade de funcionamento, com boa resposta se pressionarmos o pedal do acelerador com mais convicção, ainda que a caixa de velocidades, se se justificar uma redução, limite um pouco essa reação. Sempre que possível, durante as manobras ou ao circular a velocidade estabilizada, o motor a combustão sai de cena e o Grande Panda passa a mover-se em exclusivo com o contributo do pequeno motor elétrico de 28 cavalos integrado na caixa de velocidades. Está também disponível, ao toque de um botão, um modo que força ligeiramente a regeneração de energia nas fases de desaceleração, dando mais um pequeno contributo para a eficiência. Tudo muito fácil e gerido autonomamente, garantindo a tranquilidade que se espera para as deslocações do dia a dia.


Suspensão cumpre, mas…
No que diz respeito a comportamento em estrada, não se espere encontrar no Grande Panda o mesmo nível de conforto de propostas mais refinadas, nem tão pouco agilidade dos modelos mais dinâmicos do segmento, mas a FIAT conseguiu uma boa combinação entre capacidade de filtragem e dinâmica. Porém, há margem para melhorar o amortecimento. A suspensão dianteira, por exemplo, parece por vezes chegar facilmente ao limite da sua extensão, algo que se nota à entrada das muitas lombas com que nos cruzamos diariamente, com um som pouco simpático. Não acontece sempre, mas parece-me merecedor de correção, ainda para mais perante tantos e bons argumentos do Grande Panda.


Carro do Ano 2026?
A gama do Grande Panda é composta por três níveis de equipamento, Pop, Icon e este topo de gama La Prima, sendo que a versão de acesso está apenas disponível com a motorização a gasolina. Estão disponíveis 7 cores no catálogo do divertido modelo da FIAT e, como referi, nenhuma é o cinzento que tem vindo a definir o parque automóvel nacional. Só por este motivo, pela imagem alegre que celebra a história do nome Panda, já justificava entrar na lista dos meus automóveis preferidos da atualidade. No entanto, entra nesse grupo pelas suas muitas qualidades, pelas várias opções de motorização disponíveis e por ser um automóvel pensado para as pessoas e para as suas vidas e quotidiano. A história do automóvel, aquela que mais me fascina, escreve-se com automóveis assim. Veremos, em breve, se conquista o prémio “Carro do Ano 2026”. A FIAT fez por merecê-lo, pois este é, efetivamente, um Grande Panda.






