Ensaio Total: BYD Seal 6 DM-i
Se a memória não me atraiçoa, passaram-se sensivelmente dois anos e meio desde que a BYD chegou a Portugal. É por isso uma marca jovem no nosso mercado, mas uma juventude que é já suportada por uma abrangente gama composta por dez modelos diferentes. Em números redondos, e em média, a marca chinesa lançou um novo automóvel no nosso país a cada quatro meses. Chegou em configuração 100% elétrica e mais recentemente tem vindo a expandir o seu catálogo com a sua tecnologia híbrida plug-in DM-i, disponível no SUV Seal U, em breve, no crossover Atto 2 e ainda neste novo Seal 6, berlina de 4,84 metros de comprimento que, na sua gama, é ainda acompanhada pela variante Touring de silhueta station wagon.
Uma berlina. Aplauda-se!
Sem a beleza de outras propostas deste segmento provenientes de marcas mais estabelecidas, o Seal 6 não vai ganhar nenhum concurso de beleza, mas a verdade é que a simplicidade das suas linhas – pouco diferenciadas dos restantes modelos da BYD, é um facto – em combinação com uma bonita cor como este Atlantis Blue, acaba por resultar num automóvel elegante. Só o facto de não ser um SUV, já merece o nosso reconhecimento, mas ser uma berlina, de três volumes, merece quase uma vénia. É claro que o que se ganha em estilo, perde-se em praticidade. O acesso à bagageira, por exemplo, é muito limitado pela dimensão da abertura da porta. Ainda assim, dispõe de 491 litros de volume, quase tanto como a variante Touring, com 500 litros, mas esta, claramente, mais versátil.


Interior confortável, mas pouco diferenciado
No habitáculo, do ponto de vista estético, o Seal 6 segue a tendência atual, principalmente entre os fabricantes chineses. Dois ecrãs destacam-se no tablier, de linhas muito horizontais para incrementar a sensação de espaço, e ao centro estão duas saídas de ar, dois espaços para colocar os smartphones e dois suportes para garrafas. Na consola estão colocados os botões de arranque, dos modos de condução, volume multimédia e pouco mais. Agradável, arrumado, mas excessivamente minimalista. Em termos de materiais, a sensação de qualidade é elevada, elogio que também estendo ao habitual teste do “bater de porta”, neste Seal 6, muito sólido e convincente, do mais agradável que já encontrei.


Bateria pode ser carregada em posto DC
A tecnologia híbrida plug-in DM-i deste Seal 6 tem por base a combinação de um motor 1.5 litros a gasolina de 98 cavalos com uma máquina elétrica de 197 cavalos. A potência total combinada é de 212 cavalos. A vertente elétrica é alimentada por uma bateria de 19 kWh, a qual pode ser carregada pelo próprio motor, através de um ponto de energia AC até uma potência máxima de 6,6 kW ou ainda num posto de carregamento DC a uma potência máxima de 26 kW. Em termos de funcionamento, a tecnologia permite três modos distintos: puramente elétrico; em série, com o motor térmico a produzir energia para o motor elétrico; em paralelo, com ambos motores a contribuírem para a propulsão do Seal 6.


Autonomia para “dar e vender”
Com a BYD a anunciar uma autonomia elétrica superior a 100 quilómetros e um alcance combinado a rondar os 1450 quilómetros, abordei este ensaio com muita curiosidade para perceber se estes números são ou não possíveis. Iniciei o teste com 98% de carga da bateria e sempre com o modo Eco selecionado consegui percorrer 110 quilómetros até que o motor a combustão acordasse, o que acontece quando se atingem os 25% de nível de carga. Daí para a frente dediquei-me a explorar a propulsão híbrida, mantendo, no entanto, o modo Eco. Com esta abordagem e sem grande esforço, mantive a média no computador de bordo entre os 3,5 e os 4,5 l/100 km. Assim, considerando os 110 “quilómetros elétricos” e a autonomia proporcionada pelos 65 litros de gasolina armazenados no depósito, e pelo menos nas condições deste teste, a autonomia combinada declarada pela BYD confirma-se.
Mais confortável do que dinâmico
Para além dos vários modos de condução, estão disponíveis dois níveis de intensidade de recuperação de energia que, embora, ao volante, não se sintam grandes diferenças entre ambos ao desacelerar, a verdade é que o valor instantâneo de energia regenerada indicado no painel é bastante diferente. No que diz respeito a comportamento, não se espere encontrar no Seal 6 uma dinâmica entusiasmante, cumprindo com reações neutras e seguras, sendo o conforto a prioridade. A mesma observação prolongo à direção, confortável de usar desde que não se selecione o modo Sport, o qual torna a sensação excessivamente artificial. Já a resposta do sistema híbrido é convincente, com a vertente elétrica a contribuir com uma boa disponibilidade, fruto do binário de 300 Nm.


Seal 6 tem argumentos
Ainda a bordo, os bancos dianteiros podiam contar com um pouco mais de enchimento, garantindo mais conforto para as longas viagens. Já atrás, ninguém se vai queixar da falta de espaço, mas o piso é muito elevado, obrigando a viajar com os joelhos muito para cima. Felizmente, o muito espaço disponível para as pernas permite, em parte, compensá-lo. Resta abordar o preço do Seal 6 DM-i, os cerca de 45 mil euros que a BYD pede pela sua berlina plug-in. Um valor justo se considerados argumentos como por exemplo a elevada eficiência, a possibilidade de carregamento DC e o equipamento de série, mas que o aproxima de propostas como o Škoda Superb, cujas qualidades são também proporcionais à sua dimensão. Sem surpresa, o Seal 6 é mais um bom produto da BYD, sendo também uma proposta muito tentadora para as empresas.






