Ensaio Sprint: Ford Puma Gen-E
Quando o Fiesta saiu de cena, a Ford aproveitou o bonito vídeo de despedida para lançar um primeiro teaser do que viria a ser o modelo aqui em ensaio, o Puma Gen-E, a versão 100% elétrica do crossover que, para todos os efeitos e como todos os outros do seu género, de certa forma complicou a vida comercial ou ditou o final antecipado do modelo histórico que lhe deu origem.


Mas por muitas saudades que tenha do Fiesta, gosto também muito do Puma e sou o primeiro a reconhecer a importância da sua total eletrificação, um excelente candidato, dada a sua dimensão e popularidade, a receber um motor elétrico e uma bateria que não precisam de ser excessivamente grandes e potentes para que se possa transformar o Puma num elétrico eficiente sem deixar de ser, como sempre foi, divertido.
As maiores diferenças não se veem
Exteriormente, a diferença mais óbvia para os restantes Puma é a troca de uma grelha convencional por um painel fechado que, beneficiando a aerodinâmica, prejudica, e de que maneira, o visual. Mas esse está longe de ser o maior problema que a total eletrificação trouxe ao Puma, pois a colocação da bateria na sua plataforma obrigou a uma exigente adaptação que elevou bastante o piso, o que significa que viajar no banco traseiro está longe de ser uma experiência confortável.


A habitabilidade traseira nunca foi o ponto forte do Puma, mas no banco de trás deste elétrico os passageiros viajam sempre com os joelhos muito elevados, ao ponto de quase não se usar o assento para suportar as pernas. E se um condutor, como eu, conduzir com o banco na sua posição mais baixa – até porque o espaço em altura, à frente, também não é brilhante – isso significa que quem estiver atrás também não tem espaço para colocar os pés. Nas viagens maiores, torna-se complicado.
Não é Mega, é Giga
A bagageira é, por outro lado, um exemplo de bom aproveitamento de espaço. O espaço adicional de carga do Puma, a MegaBox, com ralo para escoamento de água após lavagem, por exemplo, evolui neste Gen-E para uma GigaBox, passando a oferecer ainda mais espaço. No total, atrás, o espaço de carga passou para 574 litros, estando disponíveis 43 litros de volume útil adicional no pequeno “frunk”.


Debaixo do capot a Ford colocou um motor elétrico de 168 cavalos e 290 Nm, sendo alimentado por uma bateria de química NMC e 43 kWh de capacidade, o suficiente para que o Gen-E declare uma autonomia de 376 quilómetros, alcance extensível a 523 quilómetros se este Puma for conduzido exclusivamente em ambiente citadino. A bateria pode ser carregada em AC até 11 kW de potência e, se usado um posto DC, até um máximo de 100 kW.
Divertido, como sempre foi
Ao volante, são vários os elogios a fazer ao Puma 100% elétrico. Desde logo pelo dinamismo que mantém quando comparado com as variantes a combustão, agilidade à qual não é alheio um peso relativamente contido de 1.560 kg, cerca de 250 kg a mais do que um Puma térmico. E como não “engordou” muito, o Gen-E não recorre a um amortecimento demasiado rijo ou, pelo menos, muito mais rijo do que uma variante a gasolina. O Puma nunca foi o mais confortável do segmento, mas sempre foi o mais divertido de conduzir.


O outro elogio, e talvez mais importante, diz respeito à eficiência, com o computador de bordo a mostrar sempre médias de consumo entre os 12 e 13 kWh/100 km, confirmando o valor declarado pela Ford. Estão disponíveis vários modos de condução, uma função que intensifica a capacidade regenerativa e ainda um modo “one pedal” bem calibrado para que, em determinadas condições, não seja necessário usar o pedal de travão. O seletor de marcha está colocado na coluna de direção.


Como já tive oportunidade de escrever no passado, a mais recente atualização não fez bem ao interior do Puma. Existem alguns plásticos de fraca qualidade e, embora seja uma avaliação plena de subjetividade, o design do tablier evoluiu para pior, com um ecrã central que parece ter merecido apenas uma adaptação rápida, mais do que uma solução bem pensada. Por outro lado, a total eletrificação do Puma é, do ponto de vista da agradabilidade de utilização e da eficiência, uma aposta ganha. Giro de conduzir e verdadeiramente poupado, aquele que é, para mim, o 100% elétrico mais relevante da atual gama da Ford.
Nota: A Ford anunciou recentemente o lançamento de uma versão melhorada do Puma Gen-E com design de bateria otimizado. Os Puma Gen-E Model Year 2026 passam assim a contar com uma autonomia declarada superior a 400 quilómetros.
Preços
- Ford Puma Gen-E Premium desde 38.197 euros
- Extras da unidade ensaiada: Pintura Fronzen White (254 euros); Pack Drive Plus (915 euros); Pack Winter (610 euros); Teto Panorâmico com abertura (1.393 euros)
- Preço da unidade ensaiada: 41.369 euros
Até ao final de 2025 a Ford oferece um desconto de 4.305 euros sobre o preço base, estando ainda em vigor uma campanha de apoio à retoma de 2.460 euros.






